*Artigo publicado no Blog de Fausto Macedo do Estadão da presidente Glória Guimarães
A pandemia da COVID-19 fez com que a área da tecnologia da informação crescesse e se consolidasse de forma transversal em muitos setores da sociedade. Com exceção das atividades de necessidades básicas ou aquelas que não são possíveis de serem executadas pelo computador, todos os segmentos econômicos, independente de porte, se viram conectados à TI.
Mas este mesmo crescimento trouxe um grande gargalo ao setor: a mão de obra. TI é uma área de uso intensivo de mão de obra, quer seja para dar vasão às necessidades atuais, quer seja para identificar novas oportunidades e mecanismos. Pode parecer confuso, mas, na tecnologia, quanto mais a gente conhece, mais a gente sabe que menos a gente conhece.
Por isso, a todo tempo – e especialmente nos atuais –, é preciso formar gente. Mais: é preciso fazer a diferença. Nos meus 40 anos de carreira executiva nos setores público e privado, incluindo a presidência da maior empresa pública de TI da América Latina, o Serpro, entendi que tecnologia não existe se não existem pessoas com vontade e energia para fazer coisas diferentes e que impactem positivamente na vida de outros.
Afinal, tecnologia não é sobre números ou algoritmos. Tecnologia é sobre pessoas, criação, objetivos, resultados, motivação, transparência, eficiência.
E é aqui que encontramos o segundo desafio da nossa indústria: está na cultura masculina mundial não ver a mulher orbitando em física, matemática, economia, saúde, educação e tecnologia, sendo grandes responsáveis por avanços nestas áreas – mesmo quando são.
E nós precisamos mudar este cenário, começando pela nossa atuação local e contribuindo para a evolução mundial da sociedade, respeitando os princípios da ética, integridade e retidão. O fato é que uma mulher, para ser reconhecida nestas áreas precisa, ter um trabalho superior, falar com firmeza e garantia, mostrando efetividade e resultado a todo tempo.
No entanto, se, de um lado a dureza e as exigências do trabalho são responsáveis por afastar mulheres da área de TI; de outro, sua habilidade em estabelecer conexões e promover relacionamento é responsável e um diferencial para promover o crescimento do setor. E é aqui que o desafio encontra a oportunidade.
Como fazer isso? Não existe receita milagrosa, mas existem dicas, observação e prática.
Comece juntando as pessoas, conversando com elas e entendendo seus anseios. O tempo todo, seja transparente, entregue o que você promete e não prometa o que não pode entregar.
Complementarmente, lembre e diga às pessoas que elas não são parte do problema, mas da solução, especialmente no ambiente corporativo, onde, a cada dia, se precisa fazer mais com menos, melhorando processos e buscando eficiência e qualidade na entrega.
Por fim, se preocupe com os resultados – me arrisco a dizer que eles são os principais responsáveis pelos estímulos individual e coletivo de uma organização e de um segmento econômico, em geral, mas da área de TI, em particular.
E os que discordam?
Eles vão continuar a existir, nos desafiando ainda mais, nos dando vontade e energia para criar, modificar, evoluir. Mais do que isso, eles nos oferecem uma nova dimensão sobre papel da TI na vida das pessoas.
Na tecnologia, a vontade de construir faz a diferença.
(*) Atualmente presidente da AYO Group, Glória Guimarães foi a única mulher a presidir o Serpro
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